31/08/2012

Morte Digna - homenagem à resolução do Conselho Federal de Medicina que regulamentou a "morte digna" de pacientes terminais, publicada no Diário Oficial em 31.8.2012.



FAVOR DE ÚLTIMA HORA


Apenas abane
se eu ficar tonta
Assopre se lhe arder a falta
de resposta
ou de noção
Sente-se
segure o seu ar, somente
não me segure pela mão
Simplesmente entenda
meu não
O sul é o norte
para quem anda de costas
Então guie
por favor
o caminho
da livre decisão
deixe-me indo
Vire-se
sorria
permaneça

E antes que me esqueça
deseje-me boa sorte
no dia
da mortelibertação.

27/08/2012

Prove que você não é um robô

robô Tem muita coisa incrível nessa blogosfera. Andei zapeando por blogs de literatura nunca antes navegados e deixei comentários no que encontrei de legal.

Devo confessar que adoro a parte do “prove que você não é um robô”. Quando preencho a sequência de letras e números anti-spam do blogspot, é claro que não me contenho em fazer cara estranha e voz metalizada - por mais idiota que seja imitar voz de robô enquanto se digita.

Impossível tolher a imaginação: fico torcendo para errar o código e voltar uma mensagem dizendo: “você errou, você é um robô”.

É bem possível que eu seja e não saiba. Meu celular é um android. Para entrar no computador, preciso código de acesso. Saco grana com cartão magnético e biometria da mão. Para checar e-mail, informo usuário e senha. Blog, senha. Facebook, senha. Em casa, só o micro-ondas não exige senha. Por enquanto.

A vida é robotizada nas rotinas. Com o mesmo ringtone, o celular desperta às seis e quinze da manhã todo dia. Aperto um botão para calar a valsa, sento na cama, tomo um gole de água, tateio em busca dos óculos e levanto para tarefas automáticas. No meio deste passo a passo, alguns estalos de pescoço é tudo que tenho para provar que sou feita de ossos e tendões.

Pense bem, o que somos no engarrafamento se não robôs em movimento inconsciente e mecanizado? Primeira - freia – neutro – primeira – freia - neutro. Soldados que aguentam as agruras com nervos de aço. No ônibus, um passinho à frente, por favor. Ficamos parados em filas em modo loading, cumprimos a burocracia das repartições públicas. Céus, ouvimos campanha eleitoral sem jogar laranjas! Movimentos pacíficos, apáticos e pré-programados. E no fim aquele sorrisinho simpático-metálico, que é mais politicamente moderno do que o amarelo.

Então, prove que não é um robô.

 

19/08/2012

Dia mundial da Fotografia



REFLEXÃO

Fotografia é um pedaço estático de realidade.

Se a vida não fica parada para um clique automático,
por que registramos
o simples instante
como uma eterna verdade?















15/08/2012

Dia internacional da informática

tecla 
 
F5
Atualiza-me
com novos dados e tempos
Conta-me o que tens feito
nos últimos dez meses
Lembro apenas que era Natal
quando dei um control-alt-del.


02/08/2012

Olimpíadas 2012 - entre Micos e Gorilas...


"Antes de aprender a técnica, aprende-se a etiqueta; antes de praticar as artes marciais, pratica-se a moral." (ditado popular das artes marciais).


Impressionante o paradoxo das condutas olímpicas.


A judoca húngara Abigel Joo lesionou-se hoje durante a luta das quartas de final em que ganhava da americana Kayla Harrison. Que wazari, um wazarão! A americana não perdoou a vulnerabilidade da adversária e focou na perna lesionada. A húngara aos pedaços, metade atleta, metade gorila, não se entregou. Como um bruce lee guerreiro, lutou até a morte - mancando, gemendo, pulando num pé só, derramando dor sobre o tatame. Caiu de pé. Pé manco, mas de pé.

Foi então para a luta de repescagem contra a polonesa. Ainda machucada, mancou e chorou mas não se entregou. A força agora era espiritual. Perdendo e urrando de dor, agarrou-se com as duas mãos na fé da superação. Faltando 27 segundos para o fim do combate, surpreendeu a todos aplicando o uchi-mata mais bonito do dia – jogou a polonesa de costas no chão e ganhou a luta por ippon. Só pode ter sido benção do lendário dragão chinês.


Muda o bairro de Londres.


Na quadra de Badminton, a favoritíssima dupla de chinesas Xiaoli Wang e Yang Yu, número 1 do mundo nesse esporte, já classificadas, erravam saque de propósito, jogavam a peteca pro mato, cortavam na rede como se fossem minha avó, e não como donas do ouro olímpico de 2008. Isto tudo para pegar um confronto mais fácil na próxima fase. Já estavam classificadas e jogavam para perder, manipulando o resultado em busca de um caminho tranquilo (leia-se, sem luta) rumo à final. Corpo-mole estratégico das moças. Um desrespeito ao esporte e a quem pagou para ver. O lendário dragão chinês não perdoou a falta de ética desportiva e expulsou as chinesas da competição olímpica. Saíram vaiadas, anunciando aposentadoria, decepcionando o mundo.

 
Em lágrimas de vergonha, a dupla Wang-Yu despediu-se com um verdadeiro mico chinês.

 
Em lágrimas de dor, Abigel carregava seu gorila húngaro no corpo e encaminhava-se para a disputa de um bronze - que lhe valia ouro.