25/11/2012

Transfusão

25/11 - Dia Nacional do Doador de Sangue



TRANSFUSÃO

Quem falou
que seu sangue azul
não se misturaria com o meu

Quem apostou
que vampiro desejaria mais o seu mel
do que eu

Quem duvidou
que a sua nobreza
não faria um lindo par com minha necessidade
nesta noite comovente de incertezas?

20/11/2012

Consciência Para Todos

No Dia Nacional da Consciência Negra


CONSCIÊNCIA PARA TODOS


- O que você acha do mês da consciência negra?
- Ridículo! - ...e aquela visível cara de impaciência.
- Então como vamos nos livrar do preconceito racial?
Parando de falar sobre isso! Eu te chamo Mike Wallace e você me chama de Morgan Freeman.

Assim este genial ator encerrou a tentativa de polêmica criada pelo entrevistador da CBS News. Você quer uma semana para a consciência judaica? Você precisa disso? - seguiu ele, desconcertando o entrevistador. Confinar toda nossa história em um mês? A história dos negros é a história da América! De mestre, Morgan, de mestre. veja em http://www.youtube.com/watch?v=tNEoIo3XMws

Morgan Freeman é um ser livre, como seu sobrenome induz: free man. Mas o jeito simples e natural de lidar com um assunto pra lá de batido e que ainda causa desconfortos, foi uma atuação de primeira. Tão encantadora quanto o personagem Carter em Antes de Partir.

A raça negra é forte, bonita, criativa, saudável, inteligente. Cotas para negros em universidade é tão descabido quanto seria criar cotas para brancos em gravadoras de rap, ou na liga de basquete da NBA.  Características físicas de origem racial não criam diferentes hierarquias de seres. Há necessidade de proteger os iguais?As diferenças estão naturalmente em qualquer pessoa, seus talentos, vocações, aptidões.
Segmentar por raça é preconceito. É jogar pessoas contra pessoas. E olhe lá, preconceito nada tem a ver com os nomes que usamos na identificação informal: para mim “negão” é tão válido quanto “japa”, “magrão”, “loirosa” e “galego”. Ou esses termos não fazem parte do seu vernáculo? Preconceito é como você realmente trata as diferentes pessoas.

Temo que o dia da consciência negra não crie homenagem, mas atrapalhação. Conceder ao tema um dia no calendário é como dizer: este é seu espaço, não saia daí.

A objetividade de Morgan fala alto porque avança na noção de civilidade. História é uma coisa, preconceito é outra. É claro que a escravidão dos negros plantou uma marca histórica reprovável. Mas aqui estamos para superar marcas agindo diariamente contra qualquer espécie de hostilidade. Perseguição existe por todo lado. Desde o bulling nas escolas até a xenofobia a estrangeiros. Toda forma de hostilidade é perversa, e a luta pela tolerância é a verdadeira bandeira, uma bandeira de múltiplas cores, origens e credos.

Eu não vou dizer que sonho com a paz mundial, soaria discurso de miss. Mas acho sim que humanidade é a causa que merece mobilização e atitude todo dia, todo mês, todo passo que se dá.

Vamos, Morgan, lutemos juntos pelo mês a mês da consciência humana.

16/11/2012

Orquestrando

Na Semana da Música

ORQUESTRANDO

Se essa banda fosse minha
eu regeria os solfejos
convidaria os arcanjos
estalaria um beijo
abriria a cortina pro sol
daria ouvidos ao realejo
tocaria em si mesmo
ou mi bemol

Libertaria da rígida regência o desejo
rebolaria displicente
o corpinho de violão
caminharia de ré bem colcheia
amaria no solo
tremeria o grave do chão
sairia do tom
desafinaria sem dó

Após um bom refrão
deitaria no teu colo
com cara de viola
pediria uma cerveja
puxando conversa de cavaquinho
ficaria lá, do teu ladinho
em concerto infinito
sem cordas nem vogais

Se essa banda fosse minha eu perderia a voz
- viveria em suspiros sustenidos
por acordes musicais

08/11/2012

Four more years para nosotros!
















Ufa, Presidente!.. Achei que perderíamos o telefone vermelho. Eu não viveria sem o telefone vermelho. Tire-me o rim, mas deixe o telefone. É um ícone, um fetiche, um must have. E veja que tem até fio! Preste atenção: é pelo telefone vermelho que lhe passaremos os comandos - nós, latinos e mulheres que o reelegemos. Você recebeu sua segunda chance, Presidente. Certo, você realmente tinha amigos na Florida e em Ohio, mais do que imaginava. Mas foi o apoio das minorias que chancelou sua prevalência. Portanto, agora nos ouça, nos olhe, nos cuide, for God sake. Você disse que o melhor ainda está por vir e que estamos juntos nessa. Oba, oba, in Obama we trust!

Desculpe os pés na mesa. É, estive novamente ocupando sua sala enquanto você andava lá checando as urnas. Senti-me à vontade. Nada demais - relaxei, tomei café aguadinho e dei uns telefonemas. Todos vermelhos. Aproxime-se, a sala é sua de novo, ou ainda. Sim, sim, a cadeira também, já desocupo. Chama isto de invasão? Bem, até pode ser, no rigor da palavra. Mas foi pacífica e branda, você entende bem esses termos. Nos seus parâmetros eu diria que está mais para a da Somália do que para a do Iraque, if you know what I mean. Take it easy, nem me ocorreram as explosões do Japão, faz tanto tempo...

Só entrei, dei uns toques femininos na sala e pronto, já tô de saída. Olha, deixei uma listinha de sugestões aqui, sobre a mesa. Sem pressa, quando tiver tempo dá uma olhadinha. Ah, e tomei a liberdade de trocar a foto da Michelle com as crianças no porta-retrato, não leve a mal. A de tailleurzinho estava muito protocolar, ficou melhor essa aí no morro do Vidigal, com a madrinha junto, em que aparece você ao fundo fazendo embaixadinha. É mais latina, mais natural, mais “famílião”, entende?

Hein? Could you repeat, please? Ah, sim, de novidade o índice Dow Jones despencou, assim como o preço do petróleo, mas o Big Mac está saindo por dois dólares e trinta e três cents em Washington. Se eu fosse um argentino na década de 80, eu diria “dame dos”. Mas sou brasileira e estamos em outros tempos, moeda forte e tal, então... give me five, yeah!

Já vou indo, mister President. Não esqueça a listinha, ali, no canto da mesa.

O melhor ainda está por vir. Adios! Hasta la vista! Suerte, amigo!

E atenda sempre o telefone.

01/11/2012

Mandinga

No Dia de Todos os Santos



MANDINGA


Depois de maldizer os santos
racionalizar os fatos
desfazer quebrantos
recolher as flores, apagar as velas
demolir o altar e o querubim

Segurei com firmeza meu próprio pulso
sem batimento
e com a fé que dispunha
rompi em prantos e sem testemunhas
a fitinha do senhor do bom-fim

A partir de agora, não creio nem em mim