16/04/2015

É TUDO QUESTÃO DE PASSO




         Diz aí, você também parou para ver. Se não parou; espiou, gostaria de, ou ainda vai. C’mon, ninguém no mundo passa alheio ao desfile de despedida da Pernalonga mais bem paga do planeta. É como o último jogo do Maradona - por acaso você fechou os olhos? Aham.

Não, ninguém de nós ontem estava ligado nas tendências da coleção verão 2016. Queríamos admirar, contemplar, entender o fenômeno. Não é só um par de belas pernas compridas com um sorrisão de 128 dentes lá no alto. Ela é mais, é maior. Ela é über.

           Eu vi, aplaudi e até chorei junto. Com a Gisele Bündchen, ontem, no São Paulo Fashion Week, e com Maradona, em 1997. Tudo igual. Esses casos que nos fazem pensar como é a vida. Um dia a guria de Horizontina aparece de vestidinho vermelho da Colcci e um gato na mão. Era 1997, ela tava começando. De repente veste um biquíni estampado com Che Guevara e cria o frisson. Já era 2002 e ela consagrada como número um do reino fashion. Lá pelas tantas Gisele está por aí embolsando 150 milhões a cada ano de aparições e o Guinness a registra como modelo mais rica da história.

Vai dizer que nesse percurso ficou mais bonita? Criou uma pernada especial de passarela que ninguém mais conseguiria reproduzir? É o cabelo mais brilhoso? Falta mulher estonteante no universo da moda? Necas! É a vida. Uns emplacam, outros batem na trave, a maioria não chega nem perto. É a união da vocação com as oportunidades. Da sorte com o empenho pessoal. Da atitude com uma conjunção astral inexplicável.

Num determinado momento, os talentos ficam pululando em estado latente. Tudo se define com um passo. Se Gisele tivesse sido chamada para a seleção gaúcha de vôlei (então sua paixão) pouco antes de ser convidada para fazer um book, hein? Às vezes uma sutil passada antes ou depois, para a direita ou para a esquerda, para mais ou para menos, é que estabelece o destino.

          Ontem a top máster entrou na passarela do SPFW ovacionada como um Mick Jagger universal. Para quem ainda não viu, já digo: ela estava linda e surreal como sua conta bancária. Chegou rindo e reluzente, com aquele ar de garota que mora na praia. E saiu chorando humanamente como todos nós.

Parar também é emocionante e difícil. Aliás, saber a hora certa de 'dar o último passo' é um passo pra lá de crucial.